quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Igreja X Homossexualidade

Muito se comenta sobre o fato da Santa Sé (o Vaticano) opor-se a união entre pessoas do mesmo sexo. O que falta é que alguém defina qual o real papel da Igreja. Vamos tentar fazê-lo agora. E que eu esteja livre da Excomunhão por tentar... 
Começando de baixo, vamos atentar ao papel dos Padres, que têm por dever de ofício preocupar-se com o que podemos chamar de “eterno”. Para a igreja, não se concebe imaginar a moral como algo passível de ser condicionada. Se Deus, por meio das Escrituras, disse que a homossexualidade é um pecado, quem somos nós, simples mortais, para desmentir o Altíssimo. A Sua palavra, em princípio, não pode ser objeto de negociação. 
Não nos restam dúvidas de que os textos canônicos não são nem um pouco simpáticos a homossexualidade. Apesar de algumas passagens do Antigo Testamento serem lidas como relativamente tolerantes (atenção especial aos trechos que falam do amor entre Jônatas e Davi, que muitos entendem como carnal, descritos em 1 Samuel, 18 e em 2 Samuel, 1), em geral a marca é a do opróbrio. Mas é no catecismo que o Vaticano dá nome as coisas. 
No catecismo, a Santa Sé qualifica as relações homossexuais ("homosexualitas relationes" – adoro ler essas coisas em latim) como depravações graves ("graves depravationes") e totalmente contrárias à lei natural ("legi naturali contrarii"). Ele afirma ainda que as tendências homossexuais são uma propensão objetivamente desordenada ("propensio objective inordinata"). Por fim, relaciona os pecados graves contra a castidade, e menciona, pela ordem: "masturbatio, fornicatio, pronographia et homosexuales usus". 
Mas não pensem que essa é uma exclusividade do catolicismo. Embora o conservadorismo de Roma em relação aos costumes sexuais seja "de jure" paradigmático, a tendência geral das religiões monoteístas pelo menos é a de condenar as variações menos comuns do ato sexual. 
A questão é que, na visão do Vaticano, o que está em jogo é muito mais do que direitos dos homossexuais. Como a moral é incondicionada, transigir num detalhe seria renunciar ao dogma. O que rui não é uma simples tradição, mas o próprio edifício lógico sobre o qual a igreja se assenta. Se o que Deus disse aos homens não precisa valer, é a própria igreja que não precisa existir. Seria injusto julgar os padres sem compreender o alcance e a importância dos dogmas para uma igreja que pretende permanecer "in saecula saeculorum", isto é, "pelos séculos dos séculos", o que equivale mais ou menos a "para sempre". 
Evidente que nem tudo é apresentado assim de forma tão óbvia. Compreender as razões do Vaticano não implica acatá-las. Ainda tenho esperanças de que a Igreja Católica pode evoluir e mudar suas posições, como já fez algumas vezes ao longo da história. Não podemos esquecer que tudo é uma questão de interpretação. Mudanças desse calibre, quando ocorrem, dão-se no tempo da igreja, que não é de dias ou de anos, mas de séculos. 
Os padres estão certos em zelar pelo que julgam ser a verdade, assim como os homossexuais ao lutar pelos seus direitos, torna-se lícito então perguntar onde está a verdade. Não acredito muito em verdades, mas isso não me impede de sabiamente proclamar o que para mim é uma verdade. 
Estou plenamente convencido de muito poucas coisas, mas uma delas é a certeza de que a única forma de promover a convivência harmônica entre as pessoas é renunciando à pretensão de impor ao próximo as minhas verdades, os meus deuses e os meus demônios. Se há um erro essencial no catolicismo (e em outras religiões), é o de pretender-se universal. Isso ele não é. Nem de fato nem de direito.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Samba de Coco Irmãs Lopes lançará o seu primeiro CD

O CD “Anda a Roda” é totalmente autoral
com composições de Leni Lopes, Ivo Lopes e Severina Lopes.
Considerado um dos grupos precursores do samba de coco na cidade de Arcoverde, Sertão pernambucano, o Samba de Coco das Irmãs Lopes lançará, no próximo dia 29 de novembro, o single “Anda a Roda”, primeiro CD do grupo. O show, que acontece a partir das 15h, em frente ao Museu Ivo Lopes, no bairro da COHAB 1, no município, contará com a participação de 21 atrações convidadas, entre elas, Irah Caldeira, Adiel Luna, Banda Feira de Manguaio, Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Samba de Coco Trupé de Arcoverde, Samba de Coco da Malhada, além de troças culturais da região e uma peleja de poetas da cidade.
Composto por músicas de autoria dos integrantes Leni Lopes, Ivo Lopes e Severina Lopes, o disco foi contemplado com o Prêmio Funarte de Cultura Popular – Edição Mazzaropi 100 anos, do Ministério da Cultura. Na internet, já se encontra disponível o videoclipe da música que dá nome ao single, no qual o grupo sedimenta o projeto tão aguardado pela família Lopes.
De acordo com Rodolfo Araújo, diretor do videoclipe, “a ideia principal é apresentar a maneira como este folguedo alcança crianças, jovens e adultos, cada um à sua maneira, e de como o Samba de Coco das Irmãs Lopes foi e é fundamental para o desenvolvimento do movimento cultural da cidade“. E frisa: “Ele é de cada artista de Arcoverde, dedicado com muito carinho a Ivo, a Leni, a Biu Neguinho, a Dourada, a Dona Severina… a toda família Lopes“.
Confira o videoclipe “Anda a Roda”