Enquanto cresce exponencialmente o movimento monarquista no Brasil, com cada vez mais adeptos e visibilidade tanto da causa quanto dos Príncipes da Casa Imperial do Brasil na imprensa nacional e internacional, como uma alternativa à decrépita República Presidencialista, por mais incrível que pareça, no The New York Times, um dos maiores jornais de circulação dos Estados Unidos da América e referência jornalística mundial, diante do quadro eleitoral dos norte-americanos, foi publicado no último dia 6, o artigo de opinião intitulado "Consider a Monarchy, America", de autoria de Nicolai Tolstoy, Chanceler da International Monarchist League, historiador e novelista:
"Southmoor, Inglaterra - Como estrangeiro com dupla cidadania, britânica e russa, não me cabe comentar em profundidade os méritos dos candidatos rivais à presidência dos Estados Unidos. Parece-me, porém, incontroverso dizer que nenhum dos dois se assemelha a um Washington ou um Lincoln, e que a presidência eletiva está passando por um exame cada vez mais crítico.
Que o seu chefe de Estado deva ser eleito pelo povo é, imagino, a visão inata de quase todos os cidadãos norte-americanos. Mas, nesta hora de inquietação, eles podem muito bem se perguntar se, em que pese toda a sabedoria dos Founding Fathers, seu sistema republicano de governo os está realmente levando à prometida “união mais perfeita”.
Afinal, basta que os nossos primos americanos dirijam o olhar ao seu vizinho do norte para verem, no satisfeito Canadá, uma nação que tem como chefe de Estado um monarca hereditário. Este simples exemplo demonstra que a democracia é perfeitamente compatível com a monarquia constitucional.
De fato, a história moderna da Europa mostrou que os países que têm a sorte de desfrutar de um rei ou rainha como chefe de Estado tendem a ser mais estáveis e mais bem governados do que a maioria dos estados republicanos do continente. Da mesma forma, os ditadores demagógicos têm se mostrado inflexivelmente hostis à monarquia porque a instituição, perigosamente venerada, representa uma alternativa às suas ambições.
Refletindo em 1945 sobre os fatores que levaram à ascensão da Alemanha nazista, Winston Churchill escreveu: “Esta guerra nunca teria acontecido se não tivéssemos expulsado - sob pressão americana e modernizadora - os Habsburgos da Áustria e da Hungria, e os Hohenzollern da Alemanha.”
“Ao criar tais vácuos”, continuou, “abrimos o flanco para o monstro hitleriano rastejar do seu esgoto até os tronos vazios”.
Para ser justo com relação à influência "americana e modernizadora", uma consideração semelhante levou o presidente Harry S. Truman e o general Douglas MacArthur a preservarem a monarquia japonesa no final da Segunda Guerra Mundial. Esta sábia política permitiu a notável e rápida evolução do Japão para tornar-se a próspera e pacífica sociedade democrática que tem sido desde então.
Sem dúvida, republicanos entrincheirados responderão que governantes hereditários podem revelar-se loucos ou maus. Porém, as democracias também têm dinastias. Os EUA podem ter se livrado do jugo do rei George III, mas os americanos escolheram ser governados por George Bush II. É salutar lembrar que George III, quando lúcido, perdeu as colônias americanas, mas quando ficou louco governou uma Grã-Bretanha que triunfou sobre os exércitos do [eleito] Imperador Napoleão.
Os autores da Constituição [norte-americana] eram, sem dúvida, homens de preeminente julgamento e intelecto. Mas não gozavam de um monopólio de tais qualidades. Do outro lado do Atlântico, pensadores igualmente elevados argumentavam que uma monarquia era inerentemente mais estável do que uma república.
Nenhum estadista britânico apoiou mais a causa dos colonos do que Edmund Burke, mas nenhum foi mais eloquente do que ele em defesa dos benefícios da monarquia britânica.
“O povo da Inglaterra sabe muito bem", escreveu ele, que a ideia de legado fornece um princípio seguro de conservação e um princípio seguro de transmissão, sem excluir de modo algum um princípio de melhoria”.
Em outras palavras, uma monarquia dá a uma ordem política um elemento vital de continuidade que permite uma reforma gradual. Desta forma, o Estado de Direito é garantido pelo respeito à autoridade, como Dr. Johnson aconselhou a Boswell: “Agora, senhor, este respeito pela autoridade é muito mais facilmente concedido a um homem cujo pai o possui do que a um principiante, e assim a sociedade é mais facilmente escorada”.
Seu contemporâneo, o historiador Edward Gibbon, ponderou os sistemas rivais e pronunciou-se com característica acidez a favor de um soberano hereditário. “Podemos facilmente inventar formas imaginárias de governo nas quais o cetro seria constantemente concedido aos mais dignos pelo livre e incorrupto sufrágio de toda a comunidade”, escreveu, mas “a experiência desmente essas balelas”.
A vantagem da monarquia é que a instituição “extingue veleidades facciosas” elevando-se acima do partidarismo tóxico de partidos concorrentes e de eleitos rivais. Gibbon conclui: “Devemos à sucessão pacífica e a administração moderada das monarquias europeias ao fato de que esta ideia se encontra firmemente estabelecida”.
Lembre-se de que nenhum monarca britânico foi assassinado durante cerca de cinco séculos, enquanto quatro presidentes americanos o foram nos últimos 150 anos. Um fator a ponderar, sugiro.
A opinião de Gibbon hoje permanece verdadeira. A muitos britânicos, por exemplo, agradaria ver aumentadas as prerrogativas reais em certos campos, como a distribuição de títulos e assentos na casa alta do Parlamento. O crescente uso venal de tais honras pelo apadrinhamento do primeiro ministro levou a pedidos para que a Rainha restabeleça a integridade do governo reassumindo autoridade sobre o sistema.
O estadista francês do início do século XX Georges Clemenceau ressaltou uma vez que “há duas coisas no mundo para as quais eu jamais vi qualquer uso: a próstata e o presidente da república”. Ao contemplar a escolha que têm diante de si esta semana, muitos americanos talvez compartilhem algo desse sentimento. Há uma alternativa."
- Tradução de José Aloísio Schelini